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terça-feira, 9 de agosto de 2011

Hemorragia

"Quero um verso sangrento
que circule de acordo com a batida
deste meu coração arritimado.
Verso que corre nas veias
Incontrolável, indubitável.
Eu sei o sangue que me circunda,
O sangue metafórico das lágrimas
E das guerras da vida banalizada.
Sei nadar neste mar vermelho
Sem bençãos, sem ilusões.
Saboreio o ferro que carrega
O sustento do mundo,organismo trépido.
Saboreio os núcleos ausentes
Que permitem mais cargas e menos vida.
Saboreio globos, globulos, radicais
Presos, livres, brancos, pretos
Da corrente heterogênea da humanidade.
Canto as feridas não cicatrizadas
Abertas, apodrecendo ao léu
Colonizadas por bactérias e ignorâncias.
Sai o pus, sai mais sangue e mais e mais
Retiro as cascas, cravo minhas unhas
Aprofundo os buracos da dor,
Das incoerências.
O mundo é sangue,
Os caminhos irrigam, divergem
Aferem, eferem, pressionam.
Os caminhos dilatam, entopem,
Poluídos pelos nossos excessos
Obstruídos pelas nossas carências.
Mas eu só quero uma hemorragia de versos
Uma hemorragia de vida
De seres humanos e de consciência.
Quero um poema que corra
Transfuso por veias e artérias.
Quero só um poema hematopoetico
que leve pelas artérias da loucura
Cada detalhe de imperfeição
Que traz compasso a este peito,
Percussão de vida imprudente"


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