Beijando Judas
"Venho com estas costas arranhadas
De carregar mil expectativas e mil julgamentos.
Coroada com meu próprio ego
Arrasto a cruz das injustiças
Enquanto meus olhos brilham de pureza.
Fui negada inúmeras vezes
Por covardes que mentem para si mesmos
Suas formas perfeitamente encaixadas
A esta desordem que é ser ordenado.
Sou apedrejada por ignorâncias
Que depois se renderão às minhas falácias.
Gosto de ser este estrago
Da minha própria figura, de meu penar.
Podes dizer que sou pretensiosa
Que tenho blasfemado contra teus medos,
Mas, irmão, eu tenho aqui dois mil poemas
20 anos de idade, 11 de versificação,
Mil subestimações vindas de inferiores
E ilusões nas minhas mãos pouco milagrosas.
Também sou filha da natureza
E posso até ser uma filha da puta
Adotada pela minha linda mãe.
Prego minhas idéias apregoadas
Nestas cruzes de insipiência e apatia
Na qual teus olhares vazios me condenaram.
E ao meu lado Barrabas é meu ego
Também condenado mas que não se cala
E se traduz em mais um poema ridículo.
Eu, meu pensar, estou aqui nua e sangrenta
Sofrendo por traduzir experiências
Em idéias próprias e independentes,
Exclamando um silêncio petrificante
Por ser sincera e ser firme em mim.
Entre aqueles que assaltaram coerências
Definho no vazio destes versos.
Eu só quero elevar-me a algum paraíso
Jogar-me aos teus pensares, quem sabe.
Venho à verdade que julgo existir.
Julgo-me poeta por um mínimo instante
Mas se eu me deixasse morrer por teu horror
Sei que não ressuscitaria ao terceiro verso.
Portanto, fico aqui drástica e doentia,
A beijar cada Judas
Com lábios irônicos de perdão
Pois é com teu asco e teu dejeto de pensamento
Que construo meu caminho de palavras."

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