Eu tenho um dom muito bom: Eu posso escrever sobre quase tudo,
quase qualquer coisa mesmo, que você tiver me dado para ler e falar sobre.
Seja a área que for, tenho habilidade acadêmica de escrever
artigos, seja na área de Humanas ou de saúde, por exemplo. Eu já fiz cerca de 7
trabalhos diferentes, em linhas de pesquisas distintas, para 7 pessoas
diferentes e o professor não percebeu que a escrita era minha. Eu diria que
isso é um ótimo dom.
Mas sabe algo em que eu não sou boa? Em falar de felicidade.
Se você pedir que eu enumere meus top 5 momentos de felicidade eu não saberei
te dizer. Você já parou para pensar sobre isso? Sobre o que é a felicidade? O
que é estar feliz? Tem a ver com as nossas conquistas? Será que dá para
mensurar felicidade baseado em uma lista de afazeres que cumprimos? É uma condição
cerebral? É quando os níveis de serotonina estão ajustados? Comprimidos te
fazem feliz?
Há quem encontre a felicidade ao acordar às 5 horas AM e
correr. Outras a enxergam numa xícara de café, em um docinho depois do almoço. Parando
para pensar agora, se eu fosse definir a felicidade seria o ronronar do meu
gato quando eu deito e ele se aconchega comigo e amassa pãozinho, e eu consigo
adormecer sem ter pesadelos. Ou talvez a felicidade seja Safira olhar para mim
e deitar em meu colo, como quem diz que me ama.
As vezes me questiono sobre coisas que já fiz. Eu lembro daquela
vez que eu fiquei mais de 12 horas em um show pois queria assistir Capital
Inicial ao vivo e quando finalmente chegou a hora, eu estava tão cansada, com
meus pés doendo tanto, preocupada em não ser assaltada, que não sei dizer se a
sensação seria melhor se eu só estivesse em casa, escutando “Aquele amor a sua
maneira” pelo Youtube. Mas eu sei que eu iria de novo. Eu sou teimosa. Tal como
aquela vez em que eu fui no Kamikaze 7 vezes seguidas, esperando perder meu
medo de altura e mesmo não perdendo, eu insistia em ir de novo, como se o
resultado pudesse ser diferente.
Será que me faltou tentar uma oitava vez? Quantas vezes
temos que insistir, até nos darmos conta que aquilo não é para a gente. Quantas
vezes temos que pensar se estamos insistindo ou persistindo em algo? Porque
sim, tem diferença entre as duas coisas. Eu já insisti em coisas que me
deixavam vulnerável e triste e já persisti na busca da felicidade. Ela sempre
me acenou de longe e eu sempre achei que conseguia alcançar.
Mas eu não consegui. Seria a felicidade uma utopia? Algo inalcançável?
Estou fadada a nunca a sentir? Devo interromper essa busca? São muitas
perguntas para poucas respostas. Às vezes penso que se a felicidade fosse uma
cor, ela seria azul e que se ela fosse uma flor, ela seria girassol. Azuis e girassóis.
Que cor tem sua felicidade?
Eu não sei escrever sobre felicidade. Mas sabe algo que eu
sei? Puxar os cantos dos lábios, franzir os olhos e te dá um meio sorriso, como
se eu estivesse feliz. Sou especialista em forjar sorrisos. Eu acho que é mais
fácil fingir felicidade do que explicar os motivos da tristeza. Quando alguém
um dia me perguntou qual era o motivo de eu estar triste e eu respondi: 100
motivos, e a pessoa entendeu sem motivos, eu entendi: Eu não conseguiria
explicar.
Eu tenho um dom muito bom: Eu posso escrever sobre quase
tudo e eu posso te convencer que eu sou feliz.
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