Páginas

sexta-feira, 16 de outubro de 2020

Paz para a Palestina





Não possuo nos olhos a paz que transmito nos gestos ou na voz. Metade é temporal, metade é calmaria. Eu ainda estou definindo qual será o rumo de cada parte minha, mas sempre paro no meio do caminho e vejo que pouco importa, pouco me importa definir. Já disse que inexato é um rumo que me atrai, tal como um imã. Pelas pontes que atravesso, ruas que transito ou parques onde paro, todos, exatamente todos estão olhando demais, e eu sempre à espreita, procurando demais. E até onde forem as procuras, manter-se-á uma guerra dentro dos meus olhos. Porque a paz que se sente, não é a paz que me abriga, é a ilusão perfeita de que entre os meus dedos tudo é liso e suave, quando, na verdade, a aspereza de uma vida já me lixou demais. Mas pouco me importa. Os lugares vão ficando velhos, o trânsito aumenta, os parques ficam vazios em sábados ensolarados e eu eu ainda procuro. Por mim. Está escrito em algum lugar, deve estar: quem procura, acha. Em meio a uma guerra, meu tormento é a paz. Muito embora os canhões e fuzis estejam recolhidos, com uma caneta e meio pedaço de papel eu sempre atiro um milhão de verdades, que ora matam, ora ressuscitam. Eu estava de pé quando comecei a pensar, agora sentei e reparei a inutilidade de me imaginar com olhos menos perdidos e farrapos. Sou calmaria outra vez. Sou guerra em todas às vezes

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...