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terça-feira, 20 de outubro de 2020

Demons

E o que faço com os demônios que dormem em meus ouvidos e sussurram-me, enquanto o vento desenha-te na minha frente? O que faço com o vulcão que entrou em erupção e não para de expelir dentro do meu peito e desce pela garganta queimando minhas entranhas? Nenhuma luz em meus olhos, nenhuma luz no caminho, nenhuma escuridão confortável. Nenhum amor próprio no meio de tanta doação, nenhuma flor na terra molhada e tanta cor nos galhos secos. Negarei tudo? Pergunto ou respondo, grito ou durmo? O que faço com os demônios que me fazem de louca para meu público morto, o que faço sem a batida do teu peito em minhas mãos, o que faço sem o teu coração? O que faço com o choro que aperta e me sufoca, joga-me no abismo do meu desejo? O que faço com minhas letras e sons desvairados, com minhas cordas e notas, meu baralho Que faço com as vírgulas e reticências, parênteses e aspas? E com o medo? O que faço com os espaços e mofos e desaforos e pensamentos e lamentos, descontentamentos... O que faço se não sirvo para ser meia de mim sozinha? O que faço com os demônios?

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