Páginas

terça-feira, 10 de novembro de 2020

Sobre pesos



O que me acalma, é toda a incompreensão que carrego nos ombros mas que você detém. Todo mundo sabe dos meus choros, das minhas agonias explícitas, da minha boca seca e dos meus olhos tristes e caídos em cima da noite. Eles afirmam minha sentença como morte e eu digo a eles que meu caos é gigantesco, do tamanho da minha paixão pela vida. Mas eles não sabem que há um corte entre a derme e a epiderme e não contam as feridas que latejam minha coluna. Veja só - mal sabem eles que meus textos não estão nas entrelinhas. Estão como um vômito mendigo que cheira mal. Quem vê meus sorrisos não sabem da agonia de calar o que meu peito quer explodir. Quem lê as palavras que escrevo, não sabe dos horizontes falidos e das terras por onde nunca pisei. Não enxerga a dor que eu ainda carrego porque o mundo é pesado demais, como diria Drummond. O que me acalma, são seus pesos junto aos meus. Porque as bagagens, mesmo que repletas de injúrias, ainda ecoam nossa paz

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...