O que sobrou foi um imenso buraco, oco, vago, inconstante, hora preenchido pelo vazio, hora por divagações inúteis. Então, olha pra mim, perceba tudo, decifra-me ou eu te devoro. Você vai entender se manter o silêncio e prender a respiração. Você vai sentir como arde o peito, as mandíbulas escapolem e o nó sufoca a garganta sem palavra, sem lucidez, sem o gosto doce da presença. Eu gosto de sentar na varanda e sentir o vento forte quase molhado depois da chuva. Vasculhe, se olhar bem de perto, em algum tipo de macro escala, vai ouvir o arrepio dos meus pelos. Vai entender que não há saídas e que se tentarmos escapar ou morrer fatalmente seremos eternos. E ser pra sempre é algo incrivelmente inesquecível mesmo que seja por apenas um segundo ou mais. Eu gosto de ler em voz alta, caminhando do quarto pra sala, nas quartas à noite, no intervalo do jogo, no corredor da minha casa.Eu gosto de me sentir livre e pular do alto do prédio em direção aos carros na avenida do sagrado e divino coração. Somos seres perdidos, perdidamente sozinhos e a solidão é apenas um território fértil e interessantíssimo em noites de grandes tempestades. Eu adoro voar sentindo a chuva, sentindo saudade.Eu choro, em uma só lágrima eu choro muito, todas as noite eu choro e morro, em um mísero segundo de desespero, quando o pensamento carrega o amor e as perdas,e tudo se acumula no mesmo instante de dor e pesa, declina, pegando impulso e voando ainda mais, trafegando em alta velocidade nas veias das minhas mãos que escrevem sem nenhum nexo ou intenção. E é por isso que te peço que observe os detalhes da vida, você vai entender que a minha ausência, meu ato totalmente insano de pular e voar, é apenas o silêncio que você não entende
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