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segunda-feira, 24 de março de 2014

Eles passarão, eu passarinho

Tudo, absolutamente tudo, o que eu queria nesse momento era fugir. Mas só o que eu tinha na agenda era resolver alguns problemas. Tudo bem, vamos lá: vesti uma camiseta estampada com passarinhos, já que não poderia simplesmente ser um. Hoje, nesse instante, tudo o que eu queria era abrir as asas e partir. Eu não tomaria rumo algum, não seguiria nenhum caminho delineado, porque eu não sei para onde quero ir. E quando se está perdido, qualquer sopro de vento é favorável ao nosso roteiro não traçado. Sim, hoje é um dia daqueles em que nada parece dar certo, Como um pássaro aprisionado na gaiola, hoje eu não canto. Hoje eu cisco a comida, observo a vida entre as grades. Hoje eu me sinto como se ainda não tivesse acordado. Mesmo não tendo dormido. Senti minhas asas sendo cortadas por uma tesoura gigante e me vi impossibilitada de viver a plenos pulmões. Não, eu não posso fugir. A minha dor está presa na gaiola comigo e eu não consigo libertar. Tudo o que eu tenho para hoje é: pagar contas e resolver a vida. Quando tudo o que eu queria era um pouco de vento, um pouco de luz, um pouco de música para curar minhas feridas. Mas eu não tenho asas do lado de fora; e as de dentro me cortaram. Hoje eu não voo mais.


[texto baseado em eu lírico]

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